Cerveja é BREJAS -Tudo sobre Cerveja e Cervejaria

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Curso de Produção de Cerveja

Olá pessoal, neste post estou divulgando um curso de produção de cerveja artesanal que está sendo promovido pelos integrantes do mini-curso que eu ofereci alguns posts anteriores.

O curso será em Goiânia e é o primeiro de possíveis novas oportunidades de troca de conhecimento cervejeiro. Participe, será muito interessante.

Segue o material de divulgação:




CURSO DE PRODUÇÃO DE CERVEJA

[INTRODUÇÃO]

A cerveja é uma bebida produzida a partir da fermentação de cereais,
principalmente cevada maltada e acredita-se que tenha sido a primeira das bebidas
alcoólicas desenvolvidas pelo ser humano. Historicamente a cerveja já era conhecida
pelos sumérios, egípcios e mesopotâmicos, desde pelo menos 4000 a.C. Como
os ingredientes usados para fazer a cerveja diferem de acordo com o local, suas
características (tipo, sabor e cor) variam amplamente.

Via de regra, as cervejas são feitas com água, cevada maltada e lúpulo,
fermentados por leveduras. A adição de outros condimentos ou fontes de açúcar é
comum. As cervejas costumam ter entre 4 a 5% de teor alcoólico, ainda que este possa
variar consideravelmente conforme o estilo e o cervejeiro. De fato existem cervejas com
teores alcoólicos desde 1% até mais de 20%.

[O CURSO]

O curso de produção de cerveja será realizado pela ELO Engenharia Jr, a
empresa júnior de engenharias da Universidade Federal de Goiás e é uma oportunidade
única em Goiânia. Será um curso completo, envolvendo toda a teoria que está por trás
da cerveja, e será finalizado com uma prática. Sim pessoal, todos que participarem do
curso completo produzirão sua própria cerveja.

A primeira parte do curso, que acontecerá dia 03/03/2012, será a parte teórica.
Neste dia será abordado tudo sobre a cerveja (história, estilos, ingredientes, como
produzir, características, etc.) Este dia será finalizado com uma degustação, a qual os
participantes poderão experimentar cervejas especiais (nacionais e importadas), e
algumas com fontes de açúcar bem diferentes como café, rapadura e mel.

A segunda parte do curso acontecerá dia 04/03/2012, e será a parte prática. Será
escolhido um tipo de cerveja para ser produzido e, todos os participantes irão “colocar a
mão na massa”. Todas as etapas da produção da cerveja serão realizadas, ou seja, da
moagem do malte ao engarrafamento da cerveja. Neste dia está incluso um almoço
harmonizado (um almoço que combina uma cerveja especial com uma determinada
refeição). No final, cada participante receberá uma garrafa da cerveja que será
produzida.

[HORÁRIOS]

O primeiro dia do curso, sábado dia 03/03/2012, será realizado na parte da tarde,
e irá durar cerca de 3 horas. O curso iniciará às 14:00 e terminará por volta das 17:00.

O segundo dia do curso, domingo dia 04/03/2012, irá iniciar na parte da manhã,
e irá durar cerca de 9 horas. O prática será iniciada às 8:00 e terminará por volta das
17:00.

[LOCAL]

O curso teórico será ministrado no Auditório Professor Biolkino Antonio da
Silva Pereira da Escola de Engenharia Elétrica e Civil na Avenida Universitária, Quadra
86, Setor Leste Universitário, CEP 74.605-010.

O local do curso prático ainda será definido e será informado aos participantes
com, no mínimo, 20 dias de antecedência.

[INVESTIMENTO]

Curso teórico: R$ 50,00.

Curso completo: R$ 150,00.

[CERTIFICADOS]

Os certificados serão emitidos pela ELO Engenharia Jr. Para quem participar
somente do curso teórico, o certificado será de 3 horas. Para quem participar do curso
completo, o certificado será de 12 horas.

[VAGAS]

Para o curso teórico, estão disponibilizadas 30 vagas. Porém, para o curso
prático foram disponibilizadas somente 10 vagas. Portanto somente 10 pessoas poderão
participar do curso completo.

[INSCRIÇÕES E PAGAMENTO]

Para realizar a inscrição, os participantes deverão enviar um e-mail para
cursocervejeirogyn@gmail.com, contendo:






Nome;
Telefone para contato;
RG;
Especificação se deseja fazer o curso completo ou somente
teórico.

O pagamento deverá ser realizado diretamente para um membro da organização,
ou será fornecida uma conta para depósito bancário.

[MAIS INFORMAÇÕES]

Carlos José – (62) 9961-5420

Carlos Renan – (62) 8220-8179

[OBSERVAÇÕES]

• A degustação, almoço harmonizado e a garrafa de cerveja que os

participantes produzirão e ganharão estão inclusos no valor do curso;

domingo, 20 de novembro de 2011

XII - Hefe-Weizen

Hoje vou relatar a nossa décima segunda leva e desta vez decidimos tentar um estilo diferente que nunca tinhamos feito, uma hefe-weizen, ou seja, uma cerveja de trigo com  leveduras vivas no copo.

Hefe em alemão significa levedura ou fermento e weizen significa trigo, então uma cerveja hefe-weizen é justamente uma cerveja que bebemos com a "sobra" da levedura utilizada na sua produção que fica em suspensão no líquido por não passar por um processo de filtragem, o que garante um visual turvo.

Quando você for comprar uma cerveja de trigo, preste atenção no nome que está no rótulo, se tiver apenas weizen ou weiss ou weizen kristal, ela será filtrada e não terá a aparência turva, mas se no rotulo tiver o termo hefe na frente, então ela será turva e tradicionalmente tem o ritual de girar a garrafa ao sobrar dois dedos da cerveja na garrafa antes de terminar de colocá-la no copo. Sempre deve-se colocar toda a garrafa de uma só vez dentro do copo.

Outra curiosidade sobre as cervejas de trigo é o formato do seu copo.


O estilo da cerveja de trigo pede que seja com muito gás, justamente por ser uma cerveja muito refrescante, então ela forma muita espuma quando despejamos 

O copo acima deve ser molhado antes com água filtrada para quando despejarmos a cerveja, evitar que se forme espuma em excesso. E como ele é um líquido turvo, ele tem um formato mais fino na sua base para vermos contra a luz e gerar um visual mais bonito, e é alto para formar a espuma a cada gole e sempre manter o colarinho no seu topo.

Fizemos esta cerveja dividindo o serviço em dois dias, a moagem e brassagem na tarde de sábado, e a fervura, lupulagem, resfriamento e purga do fermento na manhã do domingo.

Então vamos lá, segue a receita utilizada:

Ingredientes:
------------
Qtd                     Descrição                                               Type           #        %/IBU         
2,0 pkg               Munich (Lallemand #- ) [50,28 ml]        Yeast          5        -             
4,00 kg               Malte de Trigo, Belga (2,0 SRM)                Grain             1        61,5 %        
2,50 kg               Pilsner (2 Row) Belga (2,0 SRM)            Grain             2        38,5 %        
28,35 g               Lupulo Hallertauer Hersbrucker [3,70 %] - Boil  Hop           3        8,7 IBUs      
14,17 g               Lupulo Hallertauer Hersbrucker [3,70 %] - Boil  Hop           4        2,1 IBUs      


Para ser considerado uma cerveja de trigo, a Alemanha exige que seja feito de pelo menos 50% de maltes de trigo, geralmente as receitas vão de 50 a 70% de trigo, a minha receita ficou no meio, 60%.

Para a moagem iniciamos com o malte de trigo, que foi até mais fácil do que o de cevada, porque ele ofereceu menos resistência no moedor.


Terminado esta fase com a camisa um pouco úmida, temos o resultado abaixo.



Preparando o equipamento para iniciar a brassagem.




Iniciando a temperatura correta da água para a primeira rampa proteica.



Segue o início da fase de quebra proteica, que se passa de 50 a 55 graus Celcius em que haverá a quebra das proteínas dos maltes de trigo.


Nesta faze forma muita espuma em cima, vejam:



Checando a temperatura, uma fase muito delicada:

Descansando:


Início da fase de alfa e beta amilase, em que as enzimas do próprio malte irão transformar quase todo o amido em açúcares fermentáveis, o que irá garantir um bom estoque de alimento para o verdadeiro mestre cevejeiro, o fermento, possa produzir este trabalhoso mosto em cerveja com álcool e gás carbônico.


Dando início a etapa de filtragem:



Na panela temos três tipos de filtros que são o próprio malte, ou bagaço do mesmo que forma um filtro natural do mosto, um fundo falso na panela que separa a maior parte do bagaço de seu líquido e uma bazooka que é uma malha fina de inox para fazer mais uma etapa de filtração para não deixar passar nenhum resíduo para a próxima etapa que é a fervura, senão teremos sabores indesejáveis na nossa cerveja.

Iniciamos então a etapa de recirculação em que o líquido começa a sair um pouco turvo e o devolvemos para a panela:


Nesta parte temos que ter paciência de mais ou menos 20 a 30 minutos:



Até que o líquido comece a sair mais transparente:


Fim do primeiro dia e inicio do segundo, vamos comecar com a fervura do mosto coletado e filtrado.



Vamos medir a sua densidade para saber quanto de açúcar conseguimos coletar dos maltes, quanto mais melhor.


Sempre temos que deixar a panela limpa apos o seu uso.





Depois que levanta fervura damos início ao processo de lupulagem. Vejam como fica verde quando colocamos apenas 28 gramas de lúpulo em 35 litros de mosto.


Depois da fervura e resfriamento com chiller de cobre, vamos separar mais uma vez o liquido da parte solida, desta vez o bagaço do lúpulo utilizado.


OG antes da fervura = 1.037
OG depois da fervura = 1.043


Para a filtração, usamos um pano de voile dobrado em 4.



O fermento munich, especial para cevejas de trigo que ira garantir os sabores desejados de banana e cravo.



Damos inicio a etapa de fermentação por uma semana a 19 graus e depois a maturação por duas semanas a 9 graus antes de engarrafarmos.

Conseguimos coletar 27 litros de mosto para a fermentação.


Depois de dois dias de serviço até a miura ficou cansada.


Vamos aguardar as próximas etapas e se der tudo certo no natal iremos comer o peru com uma hefe-weizen artesanal, espero que fique boa.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

XI Leva - IPA (continuação mini curso)

Uma semana depois do mini-curso teórico com harmonização, reunimos 4 integrantes e fizemos uma leva de 30L de IPA (para variar). A receita é a mesma da Imperial IPA Escrupulada que fizemos em julho/11, mas utilizamos outros lúpulos (amarillo, styrian goldins e perle) no lugar do cascade. Outra diferença foi a utilização do fermento S-04 no lugar da US-05. Portanto, teremos para o mesmo mosto, duas cervejas totalmente diferentes. Vamos aguardar.
A OG ficou em 1.072, com estimativa de que a %ABV fique em 8%.

Não tirei muitas fotos do dia, mas segue aí algumas:









Daqui três semanas iremos engarrafar e esperar mais um pouco para abrir a garrafa, postarei aqui o resultado final, aguardem.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Mini Curso

Neste final de semana foi realizado o primeiro mini curso sobre técnicas de homebrewing de Goiânia e eu tive a  felicidade de ministrá-lo.
Tudo começou quando um aluno de Engenharia Química, motivado por um trabalho sobre produção de cerveja artesanal, encontrou neste blog um doido varrido em Goiânia que se aventurava em produzir cerveja em casa. Daí houve algumas trocas de e-mail e já a proposta para a apresentação de um mini curso sobre o assunto e logo houve o interesse de outros alunos e colegas. Ao total foram 19 participantes e o roteiro abaixo dos tópicos abordados.



—Ingredientes
—Estilos de Cerveja
—Características Sensoriais da Cerveja
—Produção
—Equipamentos
—Limpeza / Sanitização
—Processos
—Referências
Video do Botto (youtube)
Degustação



Tivemos o fechamento com degustação de 4 estilos de cervejas: trigo, porter, bohemian pilsner e india pale ale.

Fica aí uma semente para que novos cervejeiros caseiros goianios se desenvolvam e que possamos nos reunir futuramente para trocas de experiências sobre cervejas especiais, produção, invenções e também divulgar nossa cultura para fora do estado por meio de concursos e afins.
Só a cerveja mesmo para reunir 20 pessoas num domingo 8h.


Teoria:
E prática:

A turma reunida:

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

X Leva – Imperial IPA Escrupulada


Olá, estou meio atrasado neste post da 10ª leva, feita no início de julho, foi uma Imperial IPA com muito lúpulo cascade. Nesta receita eu experimentei duas novas técnicas (para mim) de lupulagem que são o First Wort Hopping – FWH em que adicionamos o lúpulo durante a 2ª lavagem do bagaço, diretamente no balde de coleta, que seguirá para a fervura; e o Dry Hopping que é a adição de lúpulo direto no fermentador, 3 dias antes de engarrafarmos.
A primeira técnica é para que o amargor do lúpulo fique menos agressivo e mais equilibrado, e nela adicionamos 30% do total de lúpulos de amargor que foram na fervura.
Já o Dry Hopping tem a finalidade de potencializar os aromas provenientes nos óleos voláteis do lúpulo, garantindo uma cerveja então muito mais aromática.
Desta vez, dividimos o brewday em dois, no primeiro moemos o malte e fizemos a brassagem + clarificação, guardamos o precioso mosto na geladeira e continuamos o segundo dia com a fervura, resfriamento + fermentação.
Ficou melhor assim, porque fica mais leve ao final do dia.

Vamos para a receita:

Estilo BJCP: Imperial IPA
--------------RECIPE SPECIFICATIONS------------------------
SRM: 14,1 SRM          SRM RANGE: 8,0-15,0 SRM
IBU: 64,7 IBUs Tinseth IBU RANGE: 60,0-120,0 IBUs
OG: 1,077 SG           OG RANGE: 1,070-1,090 SG
FG: 1,016 SG           FG RANGE: 1,010-1,020 SG
BU:GU: 0,840           Calories: 733,3 kcal/l
EE%: 70,00 %   Leva: 30,00 L      Fervura: 39,35 L  
Tempo de Fervura: 60 Mins

--------------RECEITA------------------------
Qtd                   Name                                     Type      
1,5 colheres chá      PH 5.2 Stabilizer (Mash 60,0 mins)       Water
10,11 kg              Pale Malt (Malte Viena - Castle Malting) Grain      
0,37 kg               Special B Malt (180,0 SRM)               Grain
0,34 kg               Biscuit Malt (23,0 SRM)                  Grain
90,68 g               Cascade [5,50 %] - Boil 60,0 min         Hop
60,45 g               Cascade [5,50 %] - Boil 15,0 min         Hop
30,23 g               Cascade [5,50 %] - Boil 5,0 min          Hop
1,59 Items            Whirlfloc Tablet (Boil 15,0 mins)        Fining


Total Grãos: 10,82 kg  Total Lúpulo: 266,69 g


---FERMENTAÇÃO-----------------------------
Primária: 03-Jul-11 - 6,00 Dias a 18,0 C
Secundária: 09-Jul-11 - 14,00 Dias at 8,0 C
Engarrafamento: 23-Jul-11 with 2,4 Volumes CO2




                    A sacarificação foi prevista para 60 min, mas como não passou pelo teste do iodo, ficou por 90 min e como ainda não passou pelo teste decidiomos seguir o processo. Porem apos filtrado refizemos o teste e passou 100%.

Quantidade de água utilizada:
1a lavagem = 23L
2a lavagem = 20L


Fizemos uma pequena pausa para molhar o bico com nada menos do que duas trapistas de peso.



Voltando para a produção, agora mais animado...


Início da fervura:

Um pouco de whirlfloc:

Fermento:

Olha só a cor desta cerveja, depois ela ficou um pouco mais escura no copo:


Duas semanas depois, o resultado:



                    O rendimento foi de 25L de mosto no fermentador. Para o Dry Hopping utilizamos 2oz ou 56g de lúpulo também Cascade.

                    As medições de densidade foram as seguintes:
OG antes da fervura = 1.068 (16,6 Brix)
OG depois da fervura = 1.077

                    Se quisermos transformar esta Imperial IPA em uma IPA, podemos diluir a cerveja no copo acrescentando 28,5% de volume de água para corrigir o álcool de 8,9ABV para 7,0ABV (para um copo de 300ml coloque 233ml da IIPA + 66ml de água)

                    Perfeito paladar já na segunda semana pós priming, realmente um estilo incrível. Talvez daria para se colocar menos malte special B para deixar a breja um pouco mais clara. Pode-se testar ainda um outro malte para substituí-lo, um que tenha menos cor.
                    O resultado do First Wort Hopping (FWH) é muito bom, o amargor fica de fato, muito mais equilibrado e menos agressivo ao paladar.

Olha só um vídeo da extração do fermento sedimentado após a fase primária da fermentação:




Segue uma foto também da nossa Stout no copo da Flying Dog: