No dia anterior do "Brew Day" decidimos testar os equipamentos, ferver 10L de água na panela para vermos quanto temo gastaríamos, testarmos o chiller que deu alguns problemas de vazamento e realizar alguns testes sifão (transferir água de um recipiente para outro usando uma mangueira e evitando botar a boca).
Feito o teste e já sabendo de algumas dificuldades que enfrentaríamos, começamos o dia seguinte o nosso "Brew Day" por volta das 7h já esquentando a água, enquanto fazíamos a moagem dos grãos:
Continuamos com a brassagem, seguindo a proporção de 2,5L de água para cada Kg de grão, o que deu 13L pré-aquecidos a 74-75°C, que com a mistura dos grãos ficaria com 69-70°C, que tentamos manter por 60min para que ocorresse a sacarificação que é a transformação dos amidos do malte em açucares pelas enzimas contidas no próprio malte.
Quando o malte entra em contato com a água quente, esta mistura exala um cheiro forte de açucares preenche todo o ambiente com aroma de cevada.
Nesta altura já deveria ser por volta das 10h30 e abrimos uma Stout para continuarmos o dia que estaria longe de acabar.
Preparamos alguns equipamentos e seguimos para a extração do mosto, para isto precisamos transferir o conteúdo para uma outra panela que tem um fundo falso e um filtro de inox complementar para que pudéssemos separar o bagaço do mosto filtrado e limpo.
Depois de tudo transferido fizemos a recirculação do mosto para que o próprio malte de assentasse no fundo falso da panela e exercesse um filtro natural, fizemos isto por uns 10 min.
Extraímos este primeiro "caldo" e acrescentamos mais 17L de água pré-aquecida a 77°C no bagaço que ficou na panela, esperamos 10min, misturamos um pouco com a pá e começamos novamente a recirculação, considerando que estava bom, que os açucares já tinham se dissolvido na água, transferimos o 2° mosto filtrado para um balde, e só para garantir, utilizamos um saco de filtro complementar.
Capturado todo o mosto, levamos a panela para a fervura, o que demorou um pouco por nossa chama ser pequena. Aqui medimos o pH e verificamos 5,4, o que não foi necessário a correção com a solução tampão.
Chegou a hora de marcarmos a contagem regressiva de 60 minutos e adicionarmos os lúpulos nos tempos corretos.
Aqui é outro momento que o cheiro toma conta do ambiente, o lúpulo tem um aroma forte e a cada adição libera um vapor com odores característicos, que quase nunca encontramos nas cervejas tradicionais.
Com a finalização da fervura (60min) e depois de ter adicionado 4 onças de lúpulo (113 gramas !!!), passamos para a etapa de esfriar o mosto o mais rápido possível de +/-100°C para abaixo de 27°C, usando para a tarefa que seria aparentemente simples, um tubo de cobre de 14 metros, já imerso no mosto 15 minutos antes do fim da fervura para sua esterilização.
Quando ligamos a água que passaria dentro do tubo para "tirar" o calor do mosto, a água que saía estava muito quente, e foi bem nos primeiros 10 minutos, mas quando a temperatura do mosto chegou por volta dos 35°C, a temperatura já estava abaixando muito lentamente. Não sei ao certo mas ficamos mais de 20min com a torneira ligada, até que chegou aos 30° e decidimos terminar o resfriamento do mosto já transferido para o balde fermentador, dentro da geladeira.
Chegou a hora de medirmos a densidade do mosto ou OG (original gravity) para vermos o quanto de açúcar conseguimos extrair dos grãos que nos dará algumas informações importantes, como a eficiência da nossa brassagem, quanto de álcool teremos no final do processo e se estamos dentro do estilo de cerveja proposto (American Pale Ale).
Com a medição no refractômetro, deu 11,2°Brix (1,044 OG) e no densímetro deu 1,040 OG o que foi um pouco baixo para o estilo que pede de 1,045 a 1,060, e explico os porques logo mais.
Separamos um pouco do bagaço do malte para preparar alguns pães futuramente (+/- 500gr de malte para cada kilo de farinha).
Neste momento adiante, tudo que toca o mosto deveria ser esterilizado com nossa solução de iodo a 12ppm.
Com os devidos cuidados e algumas cervejas já tomadas, prosseguimos para a hidratação do fermento, em 400ml de água pré fervida e esfriada a 35°C por 30min.
Inoculamos o fermento no mosto já no balde fermentador e deixamos na geladeira a 19°C por 5 dias.
O dia estava acabando, lavamos todo o equipamento, jogamos o resto do bagaço no jardim e guardamos toda a parafernalha em uma caixa para proteger da poeira. Já era 19h e estávamos pregados. O melhor era que o dia seguinte seria segunda-feira e tinha reunião com o chefe logo as 7h30!
Passado 5 dias, chegou a hora de transferirmos a quase-cerveja para um segundo fermentador por diversas razões que traz melhores resultados para a cerveja, como evitar o contato com o fermento morto e decantado no fundo do balde, tornar uma ceveja mais clara e com menos fermento em suspensão no copo, um sabor mais suave, etc... dicas do John Palmer em seu livro http://www.howtobrew.com/intro.html (Traduzido para o português: http://howtobrew.homebrewer.com.br/index.php/P%C3%A1gina_principal).
Novamente sanitizamos todo o equipamento que entraria em contato com a cerveja e começamos o sifão.
Fiz uma medição durante a trasfega e deu 6,2°Brix (1,012), ou seja, atenuou 70%, isso quer dizer que 70% dos acúcares já foram transformados em álcool e CO2.
Olha só a gosma que ficou no fundo do fermentador formado por células mortas de levedura com um pouco de lúpulo
Agora é só voltar o segundo fermentador para a geladeira e mantermos nos 19°C por mais 2 semanas antes de engarrafar. Nesta fase a fermentação é mais lenta e tem o papel de converter os açucares maiores que não foram convertidos na primeira fermentação, o que traz vários sabores para nossa cerveja.
1) A fervura foi feita com a tampa na panela, o que além de deixar o mosto final com uma densidade mais fraca, porque não deixa evaporar água, resultando numa cerveja menos alcoolica, a fervura deve ser feita sem a tampa para que alguns elementos químicos que trazem alguns sabores indesejáveis para a cerveja final (vide no livro do John Palmer) saiam do mosto;
2) Durante o início da fervura, algumas proteínas se coagulam em cima do líquido borbulhante (hot break) e teria que ser retirado com uma peneira, o que não foi feito e que trará apenas umas tiras de proteina que aparecerão quando formos beber a cerveja, mas é apenas estética e não tem sabor;
3) No final da fervura, após esfriarmos, não fizemos um redemoinho com a pá para que o lúpulo inserido ficasse no meio da panela e minimizasse a sua transferência para o fermentador.
Por enquanto foi tudo que me lembrei de erros cometidos, mas vamos esperar o resultado final, pois acredito que nenhum deles irá fazer com que a nossa cerveja não seja especial no sabor, aroma e tudo mais.
Segue a receita utilizada:
4,5kg malte pale ale belga
0,23kg malte caraamber
0,23kg malte cristal 80L
14gr de lupulo magnum a 60 min
14gr de lupulo perle a 30 min
28gr de lupulo amarillo a 10 min
57gr de lupulo amarillo a 1 min
2sh de fermento US-05
OG 1,044
FG ???
Bitterness: 57 IBUS !!!
IBU/SG: 1,4
Cor: 25 EBC
Alcool estimado: 4,4°vol
Por enquanto é isso, manterei atualizado para as próximas etapas: engarrafamento e ABERTURA!!!
Nossa, quanto trabalho!!!
ResponderExcluirVai valer a pena quando eu provar da cerveja.
Para a primeira leva vcs foram muito bem, parabéns! Mantenha a gente atualizado dos resultados na comunidade do Orkut.
ResponderExcluirFernando Lemos